Vocês sabiam que "Ansiedade de Separação" é um termo científico usado para definir cães?
O Google dos cientistas é chamado "Google Acadêmico" ou "Scholar Google". Lá encontramos as pesquisas que cientistas que cientistas de todo o mundo fazem. Claro que existem outras formas de encontrar estas pesquisas, mas hoje em dia usar o Google é o mais simples.
Então, se você for lá e colocar "ansiedade de separação em cães", teremos aproximadamente 17mil artigos sobre o tema.
O mesmo termo em inglês é "separation anxiety in dogs" e gera cerca de 112 mil resultados.
Com esses números, podemos perceber, não só que o termo existe, mas que é bastante relevante no estudo de comportamento canino no Brasil e no mundo.
Olhando esses artigos, vocês podem ver como é definido esse comportamento, ou seja, o que um cão com ansiedade de separação costuma fazer. Eu sei que você espera que eu comece a lista agora, mas eu não acho isso tão relevante quanto observar o contexto do que está acontecendo. Por este motivo, em meu mestrado Adaptação do C-BARQ para o Brasil (https://www.repositorio.unb.br/handle/10482/20516, eu defino "Comportamento Relacionado à Separação" como uma categoria de comportamentos. O importante é observar o contexto que estes comportamentos acontecem. Entretanto, para reduzir a SUA ansiedade, os comportamentos que apareceram nessa categoria em meu mestrado foram "tremor e calafrio, inquietação, agitação, caminhar em círculos, choramingo, latido, uivo, morder/arranhar portas, chão, janelas e cortinas."
Agora vamos ao que importa. Se está um dia frio e seu cão começa a tremer, é frio. Se ele está animado porque vai ganhar algo legal como um passeio e fica agitado, é empolgação. Se ele começa a girar em volta de você para passear logo é ansiedade para conseguir o que ele quer. Se ele começa a choramingar porque quer muito alguma coisa, ele só está te pedindo algo. Se ele late para alguém que passou perto da sua casa, ele está te avisando que alguém está passando. Se ele uiva podem ser mil coisas. Se ele tem de 4 a 8 meses e morde portas é porque os dentes dele estão nascendo. Se ele aprende que arranhando portas, chão, janelas e cortinas ele consegue sua atenção ele fará isso para te chamar atenção mesmo; como uma forma de comunicação efetiva.
Percebe que tudo depende do contexto?
Então, como eu saberei se meu cão tem ansiedade de separação? Calma, vamos separar as coisas!
Primeiro, vamos analisar a separação de vocês! Quando você sai de perto dele, como ele fica?
Está vendo que surgiu uma outra coisinha interessante aí? A interação de vocês. Para isso, vou pegar outra categoria de comportamentos que encontrei no meu mestrado: "apego e busca por atenção". Essa categoria inclui os seguintes comportamentos:
*apresenta forte apego por uma pessoa específica da casa;
*tende a seguir você (ou outra pessoa da casa) pela casa;
*tende a sentar perto ou em contato com você (ou outros) quando você está sentado;
*tende a cutucar, fuçar ou arranhar você (ou outros) quando você está sentado;
*fica agitado (choraminga, pula e tenta intervir) quando você (ou outros) mostra afeto por outra pessoa.
Percebe que o apego está relacionado ao comportamento de separação? Eu testei isso? Não! Porque? Porque minha estatística ainda não me permitiu, mas é uma hipótese. Percebo na prática que quanto maior o apego, maior a ansiedade de separação e pretendo (um dia) testar isso.
Cães que ficam muito grudados no dono tendem a sofrer muito com a separação. Inclusive uma das bases do Budismo é que o Apego é a Origem do Sofrimento!
...esse texto trás várias reflexões, mostrando que o Apego é o Oposto do Amor!
Não vou entrar muito nessas questões filosóficas, mas recomendo que vocês pensem nisso. Como aqui é um blog de adestramento, vou focar na solução do problema do Apego do cão ao dono e como isso é prejudicial para a saúde do seu cão!
Se seu cão está com você o tempo todo e fica tenso quando você sai de perto, isso o faz estar em um estado constante de tensão. Medo de te perder, necessidade de te proteger e insegurança com o ambiente são comportamentos relacionados. O cão fica alerta o tempo todo, tenso, tentando controlar as variáveis. Geralmente cães pequenos e inquietos mesmo quando adultos. Autoritários: mandam nos donos. (Ou são donos de seus donos, risos.) Você quer sair de casa para ir ali rapidinho, mas não pode porque ele não deixa. Se você for, ele vai ficar latindo incessantemente por 2h, até você voltar. Isso acaba limitando sua vida. Você não quer reclamações de vizinhos e pensa que ele vai sofrer de saudade se você for. Seu coração aperta e uma parte de você fica feliz de ele gostar tanto assim de você, de você ser tão importante assim para alguém. Então, para ele não sofrer, e não latir, você nem faz questão de ir mais.
Gente... já ouvi essa história várias vezes!!!
Acontece que a pessoa não percebe que o cão ao lado dela está tenso! Angustiado! Ele não está feliz de estar ao seu lado, ele está ansioso, com medo de te perder... e medo assim é angústia.
Então o que devemos fazer? Simples: resolver o apego! O apego é recíproco, da pessoa e do cão!
Então, vamos mudar nossa forma de pensar em relação à interação do cão com seu humano.
Primeiro, durante mais de 4 mil anos de co-evolução precisávamos nos proteger para conseguirmos sobreviver! O cão nos fornecia proteção com sua audição sempre alerta, que nos avisava de qualquer perigo que pudesse aparecer. Então, quando vocês estão juntos, uma parte de você se preocupa em fazer suas coisas e a outra parte de você pensa que precisa cuidar dele e protegê-lo, ver se ele está bem e reagir rapidamente a qualquer reação que ele tiver.
No caso do cão, para sobreviver, ele precisa se proteger, focando seus esforços em conseguir recursos, como um abrigo seguro e alimentação. Você, muitas vezes, provê esses recursos: segurança, abrigo e alimentação.
Isso gera um apego e uma paranoia, em que ambos temem o pior, um grande ataque, algo que ameace a sobrevivência de vocês dois.
Em um cenário de pandemia, o medo de morrer, de pegar COVID, de perder parentes e amigos para essa doença, preocupações com o trabalho que foi para dentro de casa e o medo de perdê-lo, organização da logística de como conseguir ir ao mercado sem se contaminar, receio de trazer o vírus para dentro de casa ao voltar... percebe o stress e o medo que estávamos? Seu cão percebia esse medo, essa insegurança, essa instabilidade e se colocava ainda mais em alerta para qualquer alteração que pudesse colocar vocês em risco. Cenários semelhantes acontecem agora no final do ano devido ao estresse do trabalho e das festas de Natal em família após um cenário de guerra política com ideologias paradoxais que separaram pessoas que se amavam, mas que por possuírem visões de mundo completamente diferentes terão dificuldades eternas de convivência, esta que embora desejada por ter relação emocional muito afetuosa que trouxe muito conforto em sua história de vida, hoje te deixa vulnerável para ataques à sua essência. Esta insegurança abala o emocional e a sensação de segurança de todos os envolvidos. Esta insegurança emocional é altamente percebida pelo seu cão que vê a necessidade de estar alerta para qualquer mudança no ambiente. Isso tudo aumenta o stress e a reação do seu cão a qualquer alteração de sons, cheiros e movimentações no ambiente.
Ok, como resolver isso? Com cães, não podemos fingir que estamos bem. Não é possível enganá-los.
Precisamos ficar bem de verdade! Pensar no Presente! Viver o Agora, ser feliz nesse exaro momento.
Todos nós procrastinamos trabalhos que temos que fazer, mas não percebemos o quanto da nossa vida deixamos de fazer! Como uma amiga me disse um dia: Damos mais atenção ao que é URGENTE e nos esquecemos do que é IMPORTANTE para nós! O que é importante é deixado para depois... até que se torne urgente! Não precisamos de enterros e casamentos para nos reunirmos com familiares assim como não deveríamos falar com nossos melhores amigos só nos aniversários. A vida precisa de pausas, de momentos, se não, estaremos sempre correndo atrás do tempo. Acabei de ver em um filme que o melhor investimentos que podemos fazer é em LEMBRANÇAS!
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/400820435578197725/ Autor: Marco Vergotti
Seu cachorro é sua salvação, ele constantemente te lembra de ser feliz agora!!!
Levante e vá correr com ele, vá brincar com ele, saia para comer algo e leve-o. Viva o agora!
Porque só o agora existe!
Ps: Se você não entendeu, suas preocupações o perturbam tão intensamente quanto o poder que SUA FELICIDADE VERDADEIRA tem em curá-lo!
Tranquilidade, paz, relaxamento são estados de espírito que resolvem muito mais do que vocês imaginam!
Viva o momento, se empolgue com instantes de alegria, se preocupe em ser feliz de verdade!
Agora, pegue um papel e uma caneta e escreva as coisas que te fazem feliz! Realize uma dessas coisas por semana!