Após o mestrado que defendi em 2016, fiquei extremamente desanimada de adestrar cães. O mestrado me destruiu emocionalmente, psicologicamente e fisicamente. Por muito tempo, tudo que remetia a cachorro me dava ansiedade, insegurança e tristeza; assim fui parando de adestrar. Nos últimos anos, questionei a eficiência do meu método, achei que eu não sabia adestrar e minha "síndrome do impostor" me fez acreditar que eu era uma fraude e enganava os clientes. Me senti incapaz e abandonei o adestramento! Mesmo em conversas com amigos, quando o assunto cachorro surgia, eu fugia!
Então, nesses últimos anos me foquei em outras coisas, como meu trabalho como professora e em 2017 com o objetivo de fazer coisas que eu gosto, resolvi fazer o vestibular da UnB novamente e passei para licenciatura em química! Sim, eu amo estudar!
Entretanto, o que sei sobre comportamento animal sempre me acompanhou, como parte de quem eu sou e está extremamente ligado ao meu trabalho como professora.
Sendo professora, comecei a ensinar adestramento, pois eu sabia as técnicas! Dei curso para um homem e sua esposa e depois para um outro homem. Essas 3 pessoas disseram que gostavam de cães, precisavam de emprego, queriam aprender, mas não tinham dinheiro para me pagar o curso, muito menos quanto vale um curso meu, sendo que meu objetivo é formar um profissional (e isso é difícil de calcular o valor). Como meu objetivo de vida é melhorar o mundo e eu estaria fazendo isso melhorando a vida dessas pessoas, resolvi dar o curso para eles 3. Fiz isso acreditando no poder do ensino, sendo recompensada por ensinar e ver o aluno aprender, modificando o mundo que vivo, tentando formar profissionais competentes para esse mercado de trabalho tão tosco com adestradores tão agressivos e pouco compreensivos.
Combinei com eles que eu faria meu trabalho, ensinaria eles a adestrar e ganhar dinheiro com adestramento e que quando eles conseguissem começar a ganhar dinheiro e melhorassem a vida deles, eles me pagavam o curso. Talvez esse tenha sido meu erro! Tentar trabalhar em paz, sem pensar em dinheiro, sem medo que eles me sacaniassem. Nesses cursos, não cobrei pelo meu tempo que é valioso, não cobrei pelo meu conhecimento. Achei que como eu estava dando meu melhor, acreditando no trabalho que eu estava fazendo, me preocupando em mudar a vida dessas pessoas, elas se sentiriam gratas e me recompensariam quando pudessem. Foi aí que eu estava redondamente enganada!!!
Nenhum dos caras me pagou! Nenhum dos caras me recompensou de nenhuma forma quando o curso acabou! Fui sacaneada, explorada e posso dizer que emocionalmente agredida quando eles entraram em contato comigo após os cursos. Me senti mal, mas não me arrependi, pois eu dei meu melhor. Se eles não souberam aproveitar isso, reconhecer ou ser justos e honestos comigo, isso diz mais sobre eles do que sobre mim. Assim, me esforço para seguir em paz!
Entretanto, tudo isso me fez refletir... se eles conseguem, se eu sei ensinar, se funcionou tão bem... eu sou boa adestradora sim! Sou boa no que faço e não devo privar o mundo do conhecimento que tenho! Não quero ficar com uma imagem feia desse trabalho lindo que eu fiz, não quero esse sentimento ruim para mim. "É na queda que o rio pega força."
Quero superar meus traumas: com o mestrado, com cursos de adestramento profissionalizantes, com inseguranças e com a síndrome do impostor.
Em 2013 fui atropelada por uma moto e aprendi a adestrar ensinando o dono a lidar com seu cão. Eu sempre soube que o adestramento deve ser feito pelo dono, sempre soube que esse era o caminho para o adestramento... e se adestrar é ensinar o dono, eu sou uma excelente professora! E como professora tenho força para mudar o mundo, ensinar milhares com o poder da palavra.
Em 2010, quando comecei a adestrar, o blog era uma das coisas mais modernas de difusão de conteúdo pelo público leigo. Por isso tenho esse e vários outros. Entretanto, mais de 10 anos depois, temos Instagram, Reels, TikTok, Kway... e isso trás inúmeras formas de disseminação de conteúdo, de forma simples, rápida e divertida. Resolvi me reinventar! Vou entrar nessa... vamos ver no que vai dar. kkk
O que me fez sair da inércia e tomar coragem de voltar a adestrar?
No dia 6 de setembro de 2021 recebi uma mensagem da Lílian, dizendo que a ex-vizinha dela que também chama Lílian tinha me indicado para adestrar a cachorra dela. Tenho enorme carinho por certos clientes e a Lílian é uma dessas (https://adestradorasofia.blogspot.com/2013/03/shih-tzu-tyna-coprofagia.html). Adestrei a Tyna 10 anos atrás e agora a vizinha dela aceitou ter seu primeiro cão da vida pensando que qualquer coisa poderia recorrer à Sofia. Como recusar um pedido desse? À princípio aceitei abrir uma excessão e adestrar esse cãozinho... mas então, percebi que era exatamente esse o ponta-pé que eu precisava para voltar a adestrar. Uma boa lembrança, pessoas maravilhosas, momentos agradáveis no adestramento... e derrepente o gás veio: VOU VOLTAR A ADESTRAR!!!
Obrigada, Lílians!
Adestradora Sofia
(61) 9 8451-0790
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